Com licença aos cantores e compositores dos trechos das obras a seguir, mas tomei a liberdade de fazer uma outra canção / poesia a partir de suas letras, e fiz de suas palavras, as minhas (coisa que já fiz no chuveiro, muitas vezes).
Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Deus está no sinal vendendo chiclete
Outro me assaltou
Levou todo o meu dinheiro
Me espetou com canivete
Outro me assaltou
Levou todo o meu dinheiro
Me espetou com canivete
Deus arranhou meu carro
E bagunçou meu lixo
Deuses passam fome
A gente passa por cima
Deus é menos que um bicho
E bagunçou meu lixo
Deuses passam fome
A gente passa por cima
Deus é menos que um bicho
Deus mentiu pra mim
Diz que não foi ele
Outro Deus é que é o ladrão
E um que tá pedindo pra ajudar
A mãe doente e dois "irmão
Diz que não foi ele
Outro Deus é que é o ladrão
E um que tá pedindo pra ajudar
A mãe doente e dois "irmão
A primeira é do Chico Fu, e a segunda do Pato Buarque. Ou talvez Chico Pato e Buarque Fu. Ou vice-versa também, tudo é válido.
Quando eu era criança (sob o ponto de vista físico, uma vez que ainda sou criança) adorava quando nas aulas de Educação Artística, a atividade era recortar diferentes figuras de revistas e a partir delas, formar uma nova figura.
Eu sempre recortava torto, e acabava ficando pouco caprichosa minha composição, porém, no quesito criatividade, modéstia a parte, e se não me falha a boa memória, eu me destacava.
Sou canhoto, e esse fato ajudava a me atrapalhar, já que definitivamente não tenho habilidade manual. Porém, no fim das contas, saía algo legal.
Sou afeiçoado por minhas criaturas, e uma das que mais gosto, responde pelo substantivo Eu.
Eu sou uma criação minha a partir de diversos trechos de minha vida. Tem um pedaço de cada lugar que passei, situação que vivi, escolha que fiz.
Influenciado também pelo que a ciência chama de DNA, meu Eu carrega nas veias, uma coisa que todo brasileiro tem: molejo, suingue! Brincadeira! Meu Eu carrega uma mistura de europeu colonizador, com índio, com sei lá mais o que.
Abstrata, e levando-se em consideração que minha criação sobre Mim foi livre, eu não estou errado em ser como sou. Mas também não estou certo.
Partindo do (sofista) princípio de que “cada um, é cada um”, todo mundo está errado e certo em sua própria criação.
Há quem vá dizer que Deus (que foi quem iniciou tudo, inclusive esse texto) nos criou à sua imagem e semelhança, e além disso é onipotente, onisciente e onipresente.
Ora, e se disser, tem razão, exceto pela onisciência, porque minha onisciência se esgota a partir do momento que conflita com a onisciência do próximo.
Mas isso nem todo mundo entende. Pode uma coisa dessas?
Pode. Somos onipotentes.
É irônico. Ou não.